
Lula reage: Brasil exige respeito após ameaça dos EUA a Moraes
Itamaraty recebe ordem para responder com firmeza e diplomacia à pressão da ala trumpista contra o ministro do STF
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deixou barato. Diante das ameaças vindas dos Estados Unidos — mais especificamente de aliados de Donald Trump — contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, Lula deu uma ordem direta ao Itamaraty: a resposta do Brasil será dura, mas no campo da diplomacia.
Segundo informações apuradas pelo jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles, junto a fontes do Palácio do Planalto e da diplomacia, a orientação é clara como água: reagir com firmeza, mas sem escalar o conflito para os holofotes da mídia. A decisão foi repassada pessoalmente a Moraes por integrantes do governo, logo após uma fala do senador republicano Marco Rubio, que, em audiência no Congresso dos EUA, acenou com a possibilidade de sanções contra o ministro brasileiro.
Rubio respondeu sem rodeios a uma pergunta do deputado republicano Cory Mills sobre possíveis sanções contra Moraes, acusado — pelos aliados de Jair Bolsonaro — de promover “censura” no Brasil. “Está em análise e há grandes chances de acontecer”, disparou Rubio, inflamando ainda mais os ânimos.
Resposta é diplomática, não midiática
Apesar do tom grave da ameaça, o Itamaraty decidiu que não vai transformar o episódio em espetáculo. Até agora, nenhum comunicado oficial foi emitido, já que, na prática, o governo norte-americano não tomou nenhuma medida concreta.
No STF, o clima é de indignação, mas com cautela. Nenhum dos ministros — nem mesmo o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, ou o decano Gilmar Mendes — se manifestou publicamente. Nos bastidores, porém, o recado é que Alexandre de Moraes segue tranquilo, imune às bravatas vindas de fora. Um assessor do Planalto até ironizou: “Moraes é vitalício… Trump não”. Outro emendou: “Estados Unidos nunca foi a praia dele”.
Governo brasileiro sobe o tom
O ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, foi um dos poucos a se manifestar, deixando um recado firme nas redes sociais, sem citar nomes. “No Brasil, valorizamos e nos orgulhamos do princípio da separação dos Poderes. A democracia não se sustenta sem a independência entre eles. E nas relações internacionais, o respeito mútuo e a soberania são inegociáveis”, escreveu.
Messias ainda lembrou que relações diplomáticas sólidas e baseadas no respeito sempre foram o norte que guiou os países democráticos.
Quem também não se calou foi a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que não mediu palavras ao comentar a tentativa de interferência. “É vergonhoso ver Bolsonaro conspirando com a extrema-direita americana, pedindo intervenção no Judiciário brasileiro. Essa ameaça do secretário dos EUA contra Moraes merece repúdio. Só mostra o desespero dos golpistas com o avanço das investigações”, cravou.
Soberania não se negocia
A declaração de Rubio acende um alerta nas relações entre Brasil e EUA, que já não vivem seu melhor momento, sobretudo diante do flerte explícito do trumpismo com setores da extrema-direita brasileira.
Ao determinar uma resposta institucional, Lula não apenas busca proteger Alexandre de Moraes, mas também deixa claro que o Brasil não aceita ingerência externa sobre suas instituições. Aqui, quem manda somos nós.