
No STF, Mauro Cid presta continência a generais e acena para Bolsonaro
Em depoimento decisivo, ex-ajudante de ordens mantém postura reverente diante dos aliados de farda. Cid foi o único obrigado a responder todas as perguntas, por conta do acordo de delação.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, prestou depoimento nesta segunda-feira (9 de junho de 2025) ao Supremo Tribunal Federal. Antes mesmo de começar a responder às perguntas, chamou atenção ao entrar na sala da 1ª Turma do STF: cumprimentou com um gesto de cabeça o ex-presidente Bolsonaro, seu antigo chefe, e fez continência para os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira — ambos também presentes no local.
A oitiva começou às 14h10 e se estendeu por cerca de quatro horas. Por ter fechado um acordo de colaboração premiada com a Justiça, Cid era o único dos convocados obrigado a responder integralmente a todas as perguntas feitas pelos ministros e pelas partes envolvidas.
O gesto de continência e o cumprimento ao ex-presidente reforçaram o tom simbólico do encontro — uma mistura de fidelidade militar e reverência política, mesmo em um ambiente de cobrança e investigação. Em meio a um dos julgamentos mais sensíveis da atual conjuntura, Mauro Cid manteve a rigidez típica da caserna, ainda que esteja na condição de delator, expondo bastidores do governo que serviu de maneira tão próxima.
O depoimento é parte central das investigações que envolvem suspeitas de uso indevido da máquina pública, tentativa de golpe e outros crimes associados à cúpula do governo anterior. A postura do militar — equilibrando o peso do silêncio de outros convocados com a obrigação de falar — deve continuar sendo analisada nos bastidores da Corte e nas entrelinhas da política.