Novo candidato à presidência da Câmara se reúne com Lula e é questionado sobre amizade com Cunha
O novo candidato à presidência da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), fez uma visita estratégica ao Palácio do Planalto na quarta-feira (4) para se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reunião acontece no momento em que Motta está se lançando com toda a força na disputa pelo cargo. Apenas um dia antes, o então candidato Marcos Pereira (SP) decidiu retirar sua candidatura e apoiar Motta, o que, de certo modo, pode ser visto como um jogo de xadrez político.
Durante a conversa com Lula, Motta teve que enfrentar um questionamento delicado: a sua amizade com o ex-deputado Eduardo Cunha, o homem que uma vez presidiu a Câmara e iniciou o processo de impeachment contra Dilma Rousseff, uma figura muito próxima a Lula. Motta, como se estivesse no meio de um ringue de perguntas incômodas, defendeu sua lealdade a Cunha com unhas e dentes, alegando que foi acolhido por ele em seus primeiros dias em Brasília e que até tentou aconselhar Cunha a não iniciar o impeachment, como se tentasse impedir um desastre iminente.
O contraste não poderia ser mais chocante. Enquanto Motta se esforça para mostrar que está alinhado com o governo de Lula e defende o petismo nas reuniões de líderes no Congresso, sua relação com Cunha o coloca no centro de uma tempestade de indignação. Como se não bastasse, Lula, de maneira quase informal, sugeriu um encontro futuro para tomar um vinho, como se o cenário político pudesse ser resolvido com um brinde.
Essa cena política é um verdadeiro teatro de absurdos, onde lealdades passadas e presentes se entrelaçam em um jogo de conveniências e alianças. É difícil não se perguntar se, neste grande tabuleiro de xadrez político, as peças estão se movendo de acordo com uma lógica que só os políticos entendem ou se estamos todos apenas assistindo a um espetáculo indignante de interesses e manipulações.