
Novo Ouvidor da Polícia de São Paulo Questiona Abordagens e Propõe Mudanças para Reduzir Letalidade
Mauro Caseri critica práticas policiais, defende câmeras corporais e cobra melhores condições para agentes
Mauro Caseri, recém-empossado como ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo nesta quarta-feira (15), levantou uma série de questões sobre a atuação policial, destacando preocupações com a letalidade em confrontos e a transparência nas abordagens. Durante sua primeira coletiva à imprensa, ele enfatizou a necessidade de revisão dos protocolos policiais e cobrou maior clareza nas práticas adotadas pela corporação.
Protocolos de Abordagem e Câmeras Corporais
Caseri trouxe à tona episódios recentes de mortes em operações e questionou a postura da Polícia Militar em abordagens. “É aceitável que uma família dentro de um carro seja abordada com um fuzil apontado para o rosto? É correto o policial agir com o dedo no gatilho? A sociedade tem o direito de saber o que pode ou não ser feito em uma abordagem policial”, afirmou.
Ele também defendeu o uso ininterrupto de câmeras corporais, alegando que gravações contínuas garantem maior transparência sobre o que acontece durante as operações. “Interrupções nas gravações levantam dúvidas. Precisamos de registros completos para proteger tanto os cidadãos quanto os bons policiais”, destacou.
Condições de Trabalho e Regionalização dos Concursos
Caseri apontou que os policiais do estado mais rico do Brasil enfrentam condições de trabalho precárias, incluindo baixa remuneração e deslocamentos forçados. “Um policial que presta concurso em Bauru não deveria ser enviado para Santos, longe da família e sem apoio. Isso resulta em desgaste e risco tanto para os agentes quanto para a população. Precisamos regionalizar as seleções”, argumentou.
Além disso, ele criticou a necessidade de muitos policiais complementarem a renda com trabalhos extras, o que aumenta o cansaço e compromete a segurança pública.
Aumento na Letalidade Policial
Dados da Ouvidoria mostram que o número de mortes em confrontos policiais cresceu 60,5%, saltando de 460 em 2023 para 760 em 2024. Apesar disso, uma pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas revela que a maioria dos brasileiros, 53%, apoia uma postura mais rigorosa da polícia, especialmente sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Caseri reforçou que a Ouvidoria não é contra a polícia, mas sim contra práticas abusivas. “A grande maioria dos policiais são trabalhadores honestos, mas precisamos combater os desvios para melhorar a segurança e preservar vidas”, concluiu.