
Quem lacra… cancela: Ira! paga o preço por desafinar com o público
Grito político de Nasi durante show em Minas vira nota dissonante e resulta no cancelamento da banda em Blumenau e outras cidades
No palco, a intenção era causar impacto. E causou — mas talvez não o tipo que o vocalista da banda Ira! esperava. Durante um show em Contagem, Minas Gerais, no fim de março, Nasi soltou o verbo: gritou “sem anistia” em referência aos atos de 8 de janeiro de 2023 e acabou recebendo uma chuva de vaias como resposta. O microfone virou megafone de um racha entre artista e público, e o desabafo inflamado se espalhou como rastilho de pólvora.

“Tem gente que acompanha o Ira!, mas nunca entendeu o Ira!”, bradou o vocalista, visivelmente incomodado com a reação da plateia. E não parou por aí: pediu que os bolsonaristas e reacionários deixassem de segui-los, de ir aos shows, de comprar discos — como se fosse possível selecionar a playlist dos fãs com base na urna.
A fala virou polêmica nacional e agora tem um preço: o show do grupo que estava marcado para o dia 1º de maio no Teatro Michelangelo, em Blumenau, foi cancelado. E não foi só por lá. A produtora responsável pela turnê, a 3LM Entretenimento, também suspendeu apresentações em Jaraguá do Sul, Caxias do Sul e Pelotas. Em nota, garantiram que os ingressos serão reembolsados em até 30 dias.
O Teatro Michelangelo também se pronunciou, deixando claro que espera do palco algo diferente do que presenciou em Contagem. Disse desejar “trocas de energia na estratosfera”, com respeito e empatia entre público e artista — valores que, segundo o comunicado, devem estar presentes antes, durante e depois do espetáculo.
No fim das contas, a banda que nasceu para ser contestadora acabou tropeçando na própria contestação. O recado do público foi claro: quem transforma o palco em palanque pode acabar sem plateia. E ao que tudo indica, a turnê do Ira! entrou num intervalo mais longo do que o previsto. Afinal, como diz o velho ditado das redes: quem lacra… não lucra.
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